O ano de 2021 foi turbulento – a pandemia causada pelo novo coronavírus persiste, obrigando as indústrias de design e construção a continuar se adaptando por dois anos seguidos. À medida que os métodos de trabalho remoto e comunicação continuam a ser ajustados e aprimorados, uma infinidade de eventos virtuais fez com que o discurso arquitetônico fora dos paradigmas ocidentais e eurocêntricos pudesse ocupar um espaço central na discussão da arquitetura global.
A cobertura dos novos territórios no ArchDaily em 2021 tem mostrado uma tendência de assuntos de arquitetura que se afastam do mundo ocidental, como também, discussões sobre o urbanismo em que se baseiam as cidades do Sul Global e reflexões sobre casos controversos do ambiente construído em que vivemos hoje.
Casos
O continente africano é lar de interpretações extremamente variadas do Modernismo na arquitetura. O Modernismo na região da África Ocidental - países como Nigéria, Gana, Senegal e Costa do Marfim, foi relativamente bem documentado, ao contrário do leste africano, onde os arquitetos que defenderam o Modernismo na região ainda são figuras desconhecidas. Em Moçambique, Pancho Guedes desenhou o que pode ser considerado como pós-modernista, esculpindo os marcos do centro de Maputo. Longe dali, na Tanzânia, os arquitetos Anthony Almeida e Beda Amuli tiveram sua própria interpretação dos ideais modernistas, reaproveitando-os para o contexto tanzaniano.
Dois exemplos que ilustram esses casos:
Pancho Guedes, esculpindo uma nova África
O grande legado modernista na Tanzânia
A arquitetura vernacular
A existência dos efeitos causados pelas mudanças climáticas tem causado um questionamento sobre as formas como se faz arquitetura. Em tempos que edifícios quase idênticos podem estar em cidades de lugares completamente diferentes do mundo, surge um interesse em reavaliar o lugar da arquitetura vernacular nas cidades contemporâneas. As torres de vento como elemento arquitetônico de refrigeração existem há milhares de anos, porém podem ter um papel crucial em edifícios novos construídos em climas adversos. No entanto, cabe ressaltar que o uso de materiais locais e elementos arquitetônicos vernaculares não faz, necessariamente, um projeto ser verdadeiramente sustentável.
Dois artigos sobre esse assunto:
O que é uma torre de vento?
Modos de saber: a sustentabilidade holística da arquitetura vernacular africana
Urbanismo
As cidades do continente africano são ecossistemas complexos. As pós-coloniais estão lutando para preservar seu patrimônio cultural das paisagens urbanas, algo muito difícil devido às perdas históricas da arquitetura pré-colonial. Ao mesmo tempo, elementos do urbanismo colonial ainda desempenham um papel fundamental no modo como muitas das cidades africanas funcionam hoje.
Dois textos que exploram o urbanismo no continente africano:
Os desafios do urbanismo na África: como preservar o patrimônio cultural na era das megacidades?
Vestígios urbanos do passado colonial: Dar es Salaam e Nairobi
Interdisciplinaridade
Longe de ser simplesmente uma categorização geográfica, o termo “novos territórios” também abrange as conexões interdisciplinares que podem trazer informações para a pesquisa e prática da arquitetura. O campo emergente da Neurociência Ambiental, por exemplo, tem potencial para ser um papel significativo no planejamento urbano no futuro. Em uma manifestação mais criativa, relacionada à arquitetura, o cinema continua a ser a mídia que analisa e critica as qualidades espaciais das cidades.
Três artigos que aprofundam esses assuntos:
Neurociência ambiental: um campo emergente para cidades mais equitativas
"Nomadland" questiona a noção de casa através da jornada de uma nômade moderna
Narrativas espaciais de Ousmane Sembène (inglês)
Este artigo é parte do tópico do Mês do ArchDaily: Resumo do Ano. Mensalmente, exploramos um tema específico através de artigos, entrevistas, notícias e projetos. Saiba mais sobre os tópicos mensais. Como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossos leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.